Radiodocumentário premiado

Padre Landell, ciência e fé - um brasileiro à frente de seu tempo foi premiado com o terceiro lugar na categoria documentário radiofônico, durante o I Festival Universitário do Audiovisual de Mato Grosso do Sul, em 2007.

Agradeço à organização e ao júri pelo reconhecimento deste trabalho sério, ético e frutífero.

Poema: Padre Landell de Moura



Dados do autor - Antonio Luiz de Oliveira
Gaúcho, natural de Santo Antônio da Patrulha, nascido a 11 de julho de 1933.
Bacharel em Ciências Jurídicas e Sociais pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 1977. Delegado de Polícia aposentado. Dedicado radioamador, classe A, 1981, detentor do Indicativo de Chamada PY3AL.

É de sua autoria os poemas “Data Máxima Vênia”, “Nossa crença, nossa Fé”, “O Homem e a Máquina”, “Cadê a nossa grana”, “Quatro Estações”, “Radioaficionado”, “Primavera”, Bem-Me-Quer (Acróstico)”, “O Chasqueiro”, “Porto Alegre dos Casais”, “Se acaso você chegasse...”, “53º Rancho do Radioamador Gaúcho”, “Parabéns, Mário Quintana”, “Echolink”, “Radioamador Campeiro”, “Desesperança”.

Colaboração de Ivan Dorneles Rodrigues

Entrevistas

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A radioamadora Alda Niemeyer vive em Blumenau-SC. Desde 1982, ela se dedica ao estudo da obra do padre pioneiro. Nesta entrevista, além de contar toda a trajetória de Landell, cita os livros que traduziu para o idioma alemão, explicita a relação de Landell com os radioamadores e critica a falta de reconhecimento ao trabalho científico no Brasil.



Nos bancos da faculdade de jornalismo, Hamilton Almeida ouviu de um professor chileno que um brasileiro havia "inventado" o rádio. Daí em diante, não parou mais de pesquisar. O jornalista já escreveu três livros a respeito do Padre Landell.





O pesquisador e radioamador Ivan Dorneles Rodrigues transformou um apartamento, na cidade de Porto Alegre, em um verdadeiro museu sobre Roberto Landell de Moura. Nesta entrevista, ele aponta questões que não ficaram totalmente "claras" em relação à história do padre cientista.


Luiz Netto é um profundo conhecedor e divulgador da obra do Padre Landell. Ele procura dar clareza às explicações sobre o funcionamento dos inventos e critica a inércia dos políticos gaúchos em prol do reconhecimento de Landell, além das barreiras impostas pelos gestores do arquivo histórico.

Dia a dia com Landell

Foram alguns meses de muita leitura e contato direto com pessoas que pesquisam a vida e a obra do Padre Roberto Landell de Moura. A idéia surgiu em uma conversa com a professora de Radiojornalismo, Daniela Ota, hoje coordenadora do curso de Jornalismo da UFMS. No início, tive o apoio da colega Suzana Cabral Machado, mas infelizmente ela precisou se ausentar do projeto e eu tive de seguir sozinho. Dali em diante, os depoimentos ora se complementavam, ora se contradiziam, mostrando que o objeto de estudo, além de fascinante, é complexo.

Selecionar os melhores trechos das entrevistas para a produção de um radiodocumentário de 20 minutos não foi tarefa fácil. Por esse motivo, resolvi disponibilizar na Internet as entrevistas na íntegra. Contribuíram os radioamadores Ivan Dorneles Rodrigues e Alda S. Niemeyer, o jornalista Hamilton Almeida e o estudioso Luiz Netto. Destaque também para o radioamador Antonio Luiz de Oliveira, que gentilmente permitiu que seu poema fosse utilizado ao longo do documentário, além de Pedro Antunes, gaúcho que emprestou sua voz às frases do Padre Landell.


De uma união segura entre pesquisar, conversar com pessoas que conhecem o assunto, editar procurando impor algo que faltava em outros trabalhos, complementando-os, surgiu "Padre Landell, ciência e fé - um brasileiro à frente de seu tempo", um documentário radiofônico feito com responsabilidade, sede de justiça e todo meu coração.

Rafael Cogo
jornalista

Um brasileiro à frente de seu tempo

Quem já ouviu falar do italiano Guglielmo Marconi provavelmente associa a seu nome as primeiras experiências de transmissão da voz a distância. No entanto, no Brasil, um padre gaúcho já tinha obtido êxito na transmissão e recepção de voz humana, do tic-tac do relógio e música sem o intermédio de fios, numa experiência realizada no bairro de Santana, na capital paulista.

Roberto Landell de Moura, o Padre Landell, protagonizou uma história de criatividade, persistência e dificuldades. Um homem que soube unir ciência e fé, trabalhou firme em uma terra que estava longe de ser o berço dos grandes pensadores ou que, pelo menos, não lhes dava valor, nem incentivo. Taxado como louco, bruxo e de ter pacto com o diabo, seguiu com suas teorias e inventos, avançando significativamente em diferentes campos, como medicina, psicologia e comunicações.

O brasileiro que "inventou" o rádio, a televisão e o teletipo nasceu em 1861 em Porto Alegre - foi o quarto dos 14 filhos de Ignácio José Ferreira de Moura e Sara Marianna Landell de Moura. Estudou Direito Canônico, Física e Química na Itália. De volta ao Brasil, já como sacerdote e físico, encontra em Dom Pedro II um interessado pelos trabalhos desenvolvidos sobre transmissão de som - talvez o único governante simpático às idéias do padre cientista. Cinco anos mais tarde, em Campinas, desenvolve suas idéias sobre transmissão sem fio:

"Todo movimento vibratório que até hoje, como no futuro, pode ser transmitido através de um condutor, poderá ser transmitido através de um feixe luminoso; e, por esse mesmo fato, poderá ser transmitido sem o concurso desse agente''.

"Todo movimento vibratório tende a transmitir-se na razão direta de sua intensidade, constância e uniformidade de seus movimentos ondulatórios, e na razão inversa dos obstáculos que se opuserem à sua marcha e produção''.

"Dai-me um movimento vibratório tão extenso quanto a distância que nos separa desses outros mundos que rolam sobre nossa cabeça, ou sob nossos pés, e eu farei chegar minha voz até lá''.

Segundo alguns autores, como Hamilton Almeida, este último princípio teria desencadeado a ira de alguns fiéis, culminando na destruição de seu laboratório. Para outros, como Ivan Dorneles Rodrigues, as empresas de telefonia que operavam no Brasil naquela época consideravam Landell uma ameaça. Recuperando-se do incidente, em 1893, do alto da Avenida Paulista ao morro de Sant'Anna, numa distância de aproximadamente oito quilômetros, em linha reta, Landell realizou a primeira experiência de radiotelefonia de que se tem registro, mas não há documentos que comprovem o fato a não ser a primeira biografia sobre o padre cientista, escrita por Ernani Fornari. Já em 1899 e 1900, jornais citam a experiência, dando fé do pioneirismo do brasileiro.

Em 1901, o padre, finalmente, obtém a primeira patente brasileira. Meses depois, embarca para os Estados Unidos, onde permanece por quatro anos refazendo seus aparelhos a fim de patenteá-los naquele país. Neste período, precisa interromper seus estudos por diversas vezes para tratar de sua frágil saúde, em Cuba.

De volta ao Brasil, mesmo obtidas as três patentes norte-americanas (transmissor de ondas, telégrafo sem fio e telefone sem fio), não consegue o apoio das autoridades e abandona seus estudos na área das telecomunicações. Dedica-se mais à Igreja, ao estudo do espiritismo e dos fenômenos ligados à energia que circunda os corpos vivos, à qual intitulou "perianto" e que hoje recebe o nome de bioeletrografia.

Padre Landell já é reconhecido por seu trabalho em outros países, como Alemanha e Estados Unidos. No Brasil, o apoio de radioamadores e jornalistas vem dando novo fôlego ao estudo e divulgação de sua obra. Ele foi pioneiro - há provas disso - no que se refere ao desenvolvimento da radiotelefonia, ou o princípio básico do rádio como conhecemos hoje. Construiu o telégrafo sem fio, capaz de transmitir código Morse a longas distâncias. Desenvolveu também projetos de transmissão da imagem à distância, 20 anos antes de a televisão ser lançada.

Seu mérito é inegável. As pesquisas atuais propõem o reconhecimento de seu nome entre tantos outros cientistas que atuaram diretamente na história das telecomunicações.